Por que repetimos os mesmos erros?
- Natasha Perim
- 26 nov 2024
- 2 Min. de lectura
Actualizado: 28 nov 2024
Você já se perguntou por que repete padrões que sabe que lhe fazem mal? Na psicanálise, a repetição não é fruto de azar ou hábito, mas uma manifestação do inconsciente. Ela ocorre porque há experiências do passado — traumas, frustrações ou desejos não realizados — que não foram plenamente compreendidas.

Nosso inconsciente recria situações parecidas na tentativa de resolver o que ficou pendente, como se dissesse: “Talvez agora você possa enfrentar isso.”
Apesar do sofrimento, a repetição traz um prazer que nos parece paradoxal: o "familiar": embora doloroso, oferece uma sensação de ser “conhecido”. Muitos padrões repetitivos estão ligados às primeiras relações na infância. Relações frustrantes ou instáveis com cuidadores podem gerar comportamentos que continuamos a repetir na vida adulta, como escolher parceiros ou situações que reforcem sentimentos difíceis com os quais estamos familiarizados (ex: sentimentos de inadequação, de abandono, de não ser visto, etc) . Estamos falando de tentativas inconscientes de lidar com feridas emocionais não cicatrizadas.
O trauma também pode estar no centro da repetição. Quando uma experiência é intensa demais para ser processada, ela pode ficar "presa" no inconsciente, retornando como comportamentos ou escolhas destrutivas. A repetição, nesse caso, é uma forma de comunicação inconsciente — um pedido de atenção às dores não resolvidas.
Sobre romper o ciclo
Romper esses ciclos é desafiador porque a repetição opera fora do campo da consciência.
É preciso conectar o presente com o passado para compreender as raízes desses padrões para transformá-los.
O espaço terapêutico pode ajudar nesse processo, permitindo que surjam novas formas de lidar com antigas questões.
Repetir não é fracasso, mas um convite do inconsciente para transformar sofrimento em aprendizado, amadurecimento, crescimento. Reconhecer os padrões e buscar compreendê-los, ainda que desconfortável, é o primeiro passo para que o sujeito possa caminhar em direção a uma vida mais consciente e menos refém da sua própria história.